domingo, 29 de novembro de 2009

Luz Amarela - PSDB faz reunião em Brasília. Motivo é conter queda do tucano José Serra em pesquisas


Fonte:  ZERO HORA
Partidos de oposição traçam estratégia para evitar que disputa interna entre Aécio e Serra beneficie a candidatura petistaReunida à mesa de um tradicional restaurante de Brasília, a oposição reservou o almoço de terça-feira para uma sessão de análise eleitoral. Entre garfadas em risotos e saladas, líderes de PSDB, DEM e PPS esboçaram uma estratégia para reagir ao crescimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, nas pesquisas e estancar a disputa interna entre os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).


A cisão entre as correntes que apoiam Serra e Aécio se acentuou nos últimos dias, após o levantamento CNT/Sensus apontar uma nova queda do paulista nas intenções de voto. O que mais atemoriza o PSDB, no entanto, é a velocidade com que Dilma vem tirando a diferença em relação a Serra. No final do ano passado, o tucano tinha 34 pontos de vantagem em relação à ministra. Hoje, essa distância é de apenas 10 pontos no cenário em que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) também aparece como candidato.

– O Lula antecipou demais a campanha. A Dilma está em todos os lugares, todos os dias estampa capa de jornais. Essa exposição nos fragiliza – diz a vice-presidente do PSDB, senadora Marisa Serrano (MS).


Do almoço de terça-feira, restou latente a insatisfação da cúpula com a letargia de Serra em declarar-se candidato, postura que o governador tenta adiar para março. Orientados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os tucanos insistem em unir Serra e Aécio em uma chapa pura, algo hoje considerado improvável por aliados do mineiro. Além de debelar intrigas internas, a operação leva em conta a possibilidade de Aécio atrair para a oposição partidos aliados do governo, em especial grande parte do PMDB. Como argumento de persuasão, FHC exibe a pesquisa CNT/Sensus, segundo a qual uma chapa Serra-Aécio seria capaz de vencer a eleição no primeiro turno.

– A ordem é para o Serra se expor cada vez mais e chegar ao final do ano com a candidatura consolidada-  afirma um interlocutor de FHC.

Um dia após o almoço da oposição em Brasília, Serra deflagrou uma operação para ocupar espaços na mídia. Deu entrevistas a rádios de São Paulo e do Nordeste e compareceu a programas populares de TV, como o SuperPop, apresentado por Luciana Gimenez, na Rede TV, e o Programa do Ratinho, no SBT. Em todas as ocasiões, marcou posição ao afirmar que pretende manter programas sociais do governo.

– Há uma ansiedade em todos os partidos da oposição. Só quem ganha com essa demora é o governo. Estamos correndo atrás do prejuízo – resume o deputado Vic Pires (DEM-PA).

O difícil, entretanto, será convencer Aécio a aceitar o papel de coadjuvante. Há duas semanas, ele se reuniu com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) em Belo Horizonte, num encontro que gerou desconfiança na cúpula tucana. Ao chamar Serra de “o coiso” e dizer que abdicaria de uma candidatura presidencial em favor de Aécio, a atitude de Ciro foi festejada pelo PT, que saudou sua capacidade de criar fatos políticos desagradáveis à oposição.

– Aquilo foi uma intriga do governo. O Aécio e o PT acabaram se aproveitando da situação – avalia um aliado do governador mineiro.

No início do mês, o PSDB organizou um jantar para recepcionar novos filiados em Brasília. Como Serra não compareceu, Aécio aproveitou para desfraldar sua candidatura, ressaltando diferenças em relação à personalidade do rival, tida como centralizadora e personalista. O mineiro empolgou a plateia. Bem humorado, citou o nome de todos os presentes, disse que a oposição precisa agregar novas forças políticas e defendeu aproximação com entidades não-vinculadas ao PT.

– Aécio não vai ficar a reboque do Serra. Ele representa uma terceira via que foge dessa dicotomia Dilma, Serra, Lula, FHC – pontua o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG).

Fábio Schaffner | Brasília

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